domingo, 9 de fevereiro de 2014

Precisou o filho ser assaltado, para Alckmin descobrir que o local é ponto de roubo

Olhe só o quanto a política de segurança pública vai mal no estado de São Paulo, após 20 anos de gestão tucana.
Não é novidade nenhuma as ferramentas de inteligência policial que mapeiam as estatísticas de ocorrências de crimes em cada ponto da cidade para distribuir o policiamento ostensivo, reforçando onde mais precisa. Mas o episódio em que tentaram assaltar o filho do governador Geraldo Alckmin (PSDB) mostra que o governo paulista está usando mal os recursos que existem.
O crime ocorreu na rua Professor Alcebíades Delamare, e o local é um conhecido ponto de roubos, segundo a vizinhança. Thomaz Alckmin, o filho do governador, teve seu carro fechado, de onde saíram quatro homens armados que o cercaram. Os policiais da viatura policial que fazia a escolta logo atrás, saíram e deram voz de prisão. Começou o tiroteio e os bandidos fugiram.
Um vigia noturno que trabalha na vizinhança, ouvido pelo jornal Folha de São Paulo, afirmou que o trecho é ponto de assaltos a motoristas. "É direto. Quase todo dia (...) Para mim, era um assalto como outros que já aconteceram", disse sobre a ocorrência com o filho do governador. Um jardineiro disse que assaltantes de moto atacam motoristas quando o sinal é fechado. Disse que uma equipe da PM que ficava parada naquele ponto não fica mais.
Em vez de usar mais inteligência e logística policial, o governo Alckmin opta por pagar uma gorjeta chamada bônus aos policiais de delegacias ou batalhões onde há redução nas estatísticas de crimes. Na teoria a ideia pode não parecer tão ruim, mas na prática o que ocorre quase sempre é o aumento da subnotificação. Muitos policiais evitam o quanto podem registrar ocorrências em sua áreas de atuação. Em caso de crimes menores, os cidadãos chegam a ser dissuadidos de dar queixa. O resultado é o pior possível, pois as estatísticas ficam totalmente fora da realidade, prejudicando o planejamento da inteligência policial.
Outro efeito colateral indesejado deste tipo de política de remunerar através de bônus é o incentivo indireto à corrupção policial. Quando o próprio governador incentiva dar uma "caixinha" para os policiais fazerem o seu trabalho, abre as portas para a cultura de aceitarem propinas, seja para não registrarem crimes, seja operando extraoficialmente, como agem os esquadrões da morte e milícias. Afinal, se a questão é só financeira, desta forma um mau policial ganhará dos dois lados. Propina para não registrar crimes e bônus pelas estatísticas terem se reduzido.
Polícia é carreira de estado para servir à cidadania, lidando com uma coisa muito sensível que é a proteção à vida. Não comporta pagamento por suposta produtividade, como se paga comissões sobre vendas.

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